percepções europeias de integração internacional
MARIANO, K. L. P. (2015) "O esquema de avaliação e os limites da integração". In: Regionalismo na América do Sul: um novo esquema de análise e a experiência do Mercosul [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica. pp. 25-54. Disponível em URL: http://books.scielo.org/id/wpvxt/pdf/mariano-9788579837043-02.pdf
MOREIRA, Adriano. (2011) "Teoria das Relações Internacionais". 7ª Edição. Coimbra. Edições Almedina, S.A.
Fonte: http://www.eubrasil.eu/pt/2013/07/09/para-ue-negociacao-com-o-brasil-depende-do-mercosul/ |
Numa primeira instância importa definir o que se entende por integração internacional, e de acordo com Haas citado por Moreira (2011) é "o processo pelo qual os agentes políticos de várias áreas nacionais procuram transferir as suas lealdades, expectativas e actividades políticas para um centro novo e mais abrangente, cujas instituições possuem ou pretendem jurisdição sobre os preexistentes Estados nacionais." (Moreira, 2011:495), ou seja, os Estados ao aderirem a este processo de integração internacional, cedem parte da sua autonomia e em troca dilatam as suas competências e capacidades de resposta no plano internacional "Participar ou não de um processo de integração é uma decisão importante dentro da estratégia de atuação internacional de um país" (Mariano, 26:2015). Associados a este processo de integração internacional estão principalmente factores de ordem económica, social, políticos, e são exemplos deste processo a União Europeia, a Comunidade Andina, o Mercosul, entre outros, visando primordialmente a paz entre os Estados "Um dos objectivos da integração é eliminar causas de conflito." (Moreira, 2011:498).
Feita esta nota introdutória, embora que muito sucinta, do que se entende por integração internacional, importa neste momento focalizar as atenções no cerne da questão, nomeadamente nas diferentes percepções de integração internacional em virtude de ser "…sempre importante avaliar as percepções de integração que são assumidas pelos Estados alheios ao movimento mas que recebem efeitos deste no seu ambiente decisório." (Moreira, 2011:501). Moreira(2011) aponta diversas percepções da integração, nomeadamente, a percepção norte-americana, a percepção terceiro-mundista, as percepções europeias e a memória da percepção soviética, e no presente trabalho iremos abordar apenas as últimas duas percepções, e como veremos ambas as percepções situam-se em polos diferentes e divergentes no que concerne à integração internacional.
Ao abordar as percepções europeias Moreira faz questão de explicar que "Não sendo possível estabelecer uma unidade de percepções, talvez seja todavia possível definir uma área de consenso na percepção dos elementos fundamentais que estão a determinar o aparecimento de uma Nova Ordem internacional, a começar pela admissão de que esta se encontra em gestação." (Moreira, 2011:505), e nesta área consensual proposta por Moreira encontra-se como fundamental as questões relacionadas com a defesa, em que este advoga que não se trata de uma área única e exclusivamente militar, comportando ainda factores que somados resultam em questões de poder, nas suas variadas ramificações, ora atentemos ao que nos ensina o autor "o qual se analisa num poder cientifico e técnico, num poder industrial, num poder financeiro, num poder da engenharia da opinião e da imagem, e numa decisão e credibilidade que são função da adesão da população aos objectivos estratégicos do poder e à táctica previsível na paz e na guerra." (Moreira, 2011:505).
Tendo como linha orientadora os ensinamentos de Moreira no que diz respeito à defesa, este autor refere que as relações neste âmbito entre a Europa e os EUA assentam nos pressupostos da solidariedade "…a Europa da NATO conserva uma percepção da conjuntura que a inclina para a manutenção de uma defesa solidária com os EUA." (Moreira, 2011:505), contudo esta relação comporta um paradoxo fantástico, ora vejamos "a articulação com os americanos vive nesta contradição de os europeus não suportarem a sua proeminência e repudiarem a tentativa de colonização cultural, copiando-lhe, porém, os modelos de vida; detestarem a direcção política que assumiram, mas sentindo-os próximos como povo e admirando a sociedade que em muitos aspectos inovaram." (Moreira, 2011:506).
Por outro lado, encontramos a percepção soviética da integração internacional, que "…teve como dado principal considerar a Ordem Internacional como uma ameaça conspiratória imperialista contra a União Soviética" (Moreira, 2011:507), e na ótica soviética os EUA eram vistos como uma ameaça imperialista a uma escala global, o que se reflectia numa grande tensão entre as duas superpotências, contudo esta tensão foi-se desvanecendo, a chamada détente "A détente começa a significar compreensão e, portanto, aproximação das percepções sobre a situação mundial e as responsabilidades respectivas de cada uma das superpotências." (Moreira, 2011:507).
Bibliografia:
MARIANO, K. L. P. (2015) "O esquema de avaliação e os limites da integração". In: Regionalismo na América do Sul: um novo esquema de análise e a experiência do Mercosul [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica. pp. 25-54. Disponível em URL: http://books.scielo.org/id/wpvxt/pdf/mariano-9788579837043-02.pdf
Comentários
Enviar um comentário