Desafios Globais da Diplomacia Contemporânea.

Fonte: https://www.wiltonpark.org.uk/event/wp1531/
Não obstante os conceitos de politica externa e diplomacia estejam interligados não são sinónimos, assim como ambos diferenciam ainda do conceito de relações internacionais, na medida em que este último é um conceito mais abrangente e focaliza-se essencialmente sobre como um Estado se relaciona com os outros países do Mundo e organizações internacionais, conforme nos elucida Gonçalves (2004) citado por Suano (2005) "trata das relações entre os Estados, apresentando-se a realidade das relações internacionais pelos "conflitos entre os interesses respectivos a cada Estado. Assim, os temas são concebidos como produtos das relações diplomáticas, militares e estratégicas que os Estados [...] estabelecem entre si" (Suano, 2005:247), enquanto que a política externa e a diplomacia são conceitos mais singulares, que como vimos na questão anterior dizem respeito aos objectivos assentes nos interesses de determinado pais no plano externo, no plano internacional.
A diplomacia em particular é a execução da política externa e deverá ir ao encontro dos interesses e objectivos estipulados e definidos pelos Governos no âmbito da política externa, "A diplomacia – isto é a actuação dum Estado no exterior através de agentes seus como tal acreditados perante outro Estado ou perante organizações internacionais – não é o único meio de actuação pacifica ao serviço da politica externa." (Gomes, n.d.:70-71).
Após abordarmos de forma sucinta alguns aspectos diferenciadores dos conceitos de relações internacionais, política externa e diplomacia, importa neste momento centrar as atenções na diplomacia, e esta segundo Bayne e Woolcock (2007) citado por Fernandes (n.d) "Na sua conceção tradicional, a diplomacia consiste na condução das relações entre os Estados soberanos e outras entidades, feita por representantes oficiais e através de meios pacíficos." (Fernandes, n.d:15), contudo o paradigma está a alterar-se e as sociedades estão em constante mutação, o que inevitavelmente se irá reflectir nas relações internacionais.
Os fenómenos sociais contemporâneos são os principais impulsionadores dos desafios que assombram a diplomacia contemporânea, e de entre estes fenómenos salienta-se a globalização, a inovação/revolução tecnológica, os fluxos migratórios, o terrorismo, a evolução da comunicação social entre outros que altera em tudo a percepção do que se conhecia para o que se está a enfrentar, e os Estados sentem uma eminente necessidade de se ajustarem e moldarem por forma a fazerem face aos desafios que surgem com estas novas realidades e às situações inerentes a estes fenómenos, na suas mais variadas vertentes, nomeadamente no âmbito das políticas, da economia, da cultura e demais aspectos de uma sociedade.
Por exemplo Fernandes (n.d), sintetiza um estudo de Ana Leal (2007) e de Joaquim Ramos Silva (2002), no que concerne às fases da evolução da diplomacia económica, em que se reparte em três períodos distintos, nomeadamente numa primeira fase, que compreende o período entre a segunda metade do século XIX à 1ª Guerra Mundial, uma segunda fase do fim da 1ª Guerra Mundial aos anos 1970 e uma terceira fase dos anos 80 até à actualidade, em que se denota uma evolução e uma alteração das prioridades da diplomacia na sua vertente económica, por forma a fazer face aos acontecimentos de relevância que se deram nestes períodos e que alteraram a forma como o mundo vivia, mostrando uma notável adaptação dos Estados e das suas relações externas às realidades sentidas.

No parágrafo anterior demos um exemplo da evolução da diplomacia na sua vertente económica contudo, são muitos mais os factores que influenciam a diplomacia na ordem internacional, ora vejamos alguns exemplos, "Several factors, like globalisation, regionalisation or localisation, affect this international order and interaction, thereby causing new developments in diplomacy. These trends of decentralisation and complexity of all levels of diplomatic action pose challenges to the traditional model of state diplomacy, thereby changing its character and giving rise to novel kinds of entities that partake in diplomacy. (Schmidt, 2014:4).
Não conseguindo abordar todos os factores susoditos que se afiguram enquanto desafios à diplomacia contemporânea, termino o presente trabalho fazendo alusão a um dos maiores fenómenos dos últimos tempos que em tudo revolucionou o Mundo, nomeadamente a evolução/revolução tecnológica, e que veio também dar uma nova dinâmica à comunicação entre os agentes internacionais, e segundo Tran (1987) citado por Jonsson & Hall (2002) "Communication is to diplomacy as blood is to the human body. Whenever communication ceases, the body of international politics, the processo f diplomacy, is dead, and the result is violent conflict or atrophy." (Jonsson & Hall, 2002:1).



Bibliografia:


FERNANDES, J. P. Teixeira. (n.d) "A Diplomacia económica num Mundo Multicêntrico (Parte I)". ISCET. Disponível em URL: http://obci.iscet.pt/wp-content/uploads/2014/03/JPTF-a-diplomacia-económica-num-mundo-multicêntrico.pdf
 
GOMES, G. Santa Clara. (n.d). "A Política Externa e a Diplomacia Numa Estratégia Nacional" pp. 55-76. Disponível em URL: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/2669/1/NeD56_GSantaClaraGomes.pdf
JONSSON, Christer.; HALL, Martin (2002) "Communication: An Essencial Aspect of Diplomacy.". Department of Political Science, Lund University. Disponível em URL: http://www.cuts-citee.org/CDS03/pdf/CDS03-Session7-02.pdf
SANTOS, Victor Marques dos (2012). "Elementos de Análise de Política Externa", Lisboa. Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
SCHMIDT, Juliane. (2014). "Between Irrelevance and Integration? New Challenges to Diplomacy in the 21st Century and the Role of the EEAS." College of Europe. EU Diplomacy Papers 8/2014. Disponível em URL: https://www.coleurope.eu/research-paper/between-irrelevance-and-integration-new-challenges-diplomacy-21st-century-and-role Nome: Tiago João Cabral Pacheco Nº 1500200

SUANO, Marcelo J. F. (2005). "O discurso teórico nas Relações Internacionais". In Civitas – Revista de Ciências Sociais. Porto Alegre. V.5, n.º2 pp. 245-274. Disponível em URL: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/viewFile/3/1596
 

 
 

Comentários

Mensagens populares