Modelos de tomada de decisão

Antes de abordar as questões relacionadas com a tomada de decisão, importa primeiramente, definir o que se depreende do conceito de decisão e processo de decisão, e segundo “Mintzberg, Raisinghani e  Thêorét (1976) definem a decisão como um “compromisso específico para a ação” e o processo de  decisão como “um conjunto de ações e fatores dinâmicos que começam com a identificação de um estímulo para a ação e termina com o compromisso específico para a ação”” (Franklin et al., 2011:138) e neste sentido, é fundamental saber que “A tomada de decisão constitui parte integrante da gestão de qualquer tipo de organização pública ou privada.” (Bilhim, 2013:172) e na acepção clássica de Herbert Simon (1960) citado por Bilhim (2013), este “identifica a tomada de decisão com o processo de gestão em si mesmo.” (Bilhim, 2013:172), ou seja, “A tomada de decisão é, pois, um processo genérico, por ter lugar em toda a actividade organizada, é dinâmico, porque ocorre em todos os níveis da hierarquia e tipos de organização é tão antigo como a gestão” (Bilhim, 2013:173), processo este que implica “ter disponíveis dados, informações e conhecimentos, mas esses normalmente estão dispersos, fragmentados e armazenados na cabeça dos indivíduos e sofrem interferência de seus modelos mentais.” (Angeloni, 2003:19).

Feita esta simplista tentativa de explicação do conceito de tomada de decisão, importa neste momento
atentar nos modelos de decisão existentes por forma a ir ao encontro do solicitado, e nesta ordem de ideias é fundamental referir que “os modelos podem ser matemáticos, sociais ou filosóficos, e envolver fenómenos físicos, emocionais, ou qualquer coisa capaz de análise teórica.” (Bilhim, 2013:177) e não obstante hajam diversas propostas de modelos de tomada de decisão, iremos focar o nosso estudo nos quatro modelos propostos por Harrison, sendo eles “a) Racional; b) Organizacional; c) Político; d) o de processo.” (Bilhim, 2013:178). O modelo racional de tomada de decisão pressupõe que “toda decisão deve ser tomada racionalmente, com base em informações completas sobre os objetivos da empresa, alternativas plausíveis, prováveis resultados dessas alternativas e importância desses resultados para a organização” (Vieira et al., 2015:7) e “estabelece que o decisor deverá definir explícita e claramente os objectivos a prosseguir, estabelecendo assim um referencial para avaliar a eficácia da decisão” (Carvalho, 2013:136) e este modelo assenta nos pressupostos de que “há apenas um decisor único; possui apenas um objectivo; pode ser quantificado; há um número finito de alternativas que podem ser identificadas e a decisão consiste, apenas, na escolha da melhor alternativa.” (Bilhim, 2013:178).

No que concerne ao modelo organizacional e “Também conhecido por neoclássíco, o modelo organizacional combina a contribuição das disciplinas quantitativas, base do modelo anterior, com as disciplinas das ciências sociais”. O seu critério de decisão é a obtenção de um resultado final que “satisfaça”” (Bilhim, 2013: 179), e é de salientar que entre este modelo e o estudado existem pontos convergentes e divergentes. O principal factor que diferencia um modelo do outro, é que enquanto o primeiro estudado procura o ótimo resultado, este modelo visa simplesmente alcançar um resultado “suficientemente bom”. “Para Simon, há cinco diferenças entre os modelos organizacional e racional que têm a ver com a divisão dos problemas, a satisfação, a busca, a fuga da incerteza e a informação.”, (Bilhim, 2013:179), porém, importa reter que os dois modelos são de curto prazo e pressupõem resultados rápidos.

O modelo político “também conhecido por modelo adaptativo, baseia-se, fundamentalmente, nos contributos da ciência política, da filosofia, da psicologia e da sociologia.” (Bilhim, 2013:179) e segundo Choo(2003) citado por Vieira et al. (2015) “é considerado uma ferramenta para decisões utilizadas quando os responsáveis pela tomada de decisão ocupam diferentes posições na empresa e exercem graus diferentes de influência dentro da organização.” (Vieira et al., 2015:9), o que resulta em escolhas menos racionais, “a escolha final não é única, muito menos é a “decisão certa”, pois, é apenas a decisão “aceitável””. (Bilhim, 2013:180). Segundo Bacharach e Baratz (1983), uma limitação deste modelo prende-se ao facto de que “o modelo não considera o exercício do poder como um meio de restrição de decisões.” (Vieira et al., 2015:10)

Por fim temos o modelo de processo, que segundo Choo (2003) citado por Vieira et al. (2015) é característico por “enfatizar o processo de tomada de decisão em ambientes complexos e dinâmicos.” (Vieira et al., 2015:8) e este modelo é utilizado essencialmente quando existe clareza nos objetivos definidos, contudo os métodos e as técnicas a utilizar são incertas. Uma característica singular deste modelo, é o facto de ser de todos o mais complexo em virtude de ser composto por inúmeras fases até à tomada de decisão “A sua constituição se dá em três fases decisórias, três rotinas de apoio e seis grupos de fatores dinâmicos.” (Vieira et al., 2015:8).

Bibliografia:

ANGELONI, Maria T. (2003). Elementos intervenientes na tomada de decisão. In Ci. Inf., Brasília, v. 32, n.1 pp. 17- 22. Disponível em URL: http://www.scielo.br/pdf/ci/v32n1/15969.pdf

BILHIM, João. (2013). Ciência da Administração, Lisboa: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas 

CARVALHO, Elisabete de. (2013). Decisão na Administração Pública. In Sociologia, Problemas e Práticas, n.º 73. pp. 131-148. Disponível em URL: http://sociologiapp.iscte-iul.pt/pdfs/10360/10506.pdf

FRANKLIN, Marcos; KENSKI, Victor; POPADIUK, Silvio. (2011). Modelo Racional de Tomada de Decisões e seus Pressupostos. In Revista de Administração da UNIMEP. v.9 n. 3, pp. 137-162. Disponível em URL: http://www.redalyc.org/html/2737/273721469007/

VIEIRA, Adriana; MACCARINI, Grégory; FREIRE, Patrícia; ZILLI, Júlio. (2015). Análise de modelos de tomada de decisão para implantação em empresas familiares. In Gestão contemporânea: Revista de Negócios do CESUCA, v. 2, n. 3. Disponível em URL: http://ojs.cesuca.edu.br/index.php/revistaadministracao/article/view/838

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