Estruturas modernas e contemporâneas da organização administrativa
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Fonte: https://reorganiza.pt/7-principios-basicos-para-empresa-de-sucesso/ |
Para estudar as estruturas da organização administrativa, importa num primeiro momento ter em consideração alguns conceitos basilares e pressupostos inerentes a qualquer organização, por forma a estabelecer desde o inicio um pensamento lógico e correlacionado, e nesta ordem de ideias, é fundamental descrever que “A estrutura orgânica é uma ferramenta utilizada pela organização, para permitir, de maneira eficiente, a execução da sua estratégia.” (Bilhim, 2013:114), e claro que o sucesso e os objectivos de uma organização são atingidos, quando esta ferramenta é utilizada de forma eficaz e eficiente. Torna-se elementar ainda, saber que, para se estudar as estruturas das organizações em geral, e da organização administrativa em particular, um conjunto de elementos têm de ser levados em conta, nomeadamente no que concerne às actividades, às decisões e às relações da organização, assim como factores como “as funções, as políticas, as relações entre órgãos, as decisões, a autoridade, a responsabilidade, a coordenação, a delegação, a gestão, a informação, o planeamento, o controlo e as reuniões” (Bilhim, 2013:114), que, como sabemos, no contexto da administração público, devido à sua macro estrutura organizacional, representa uma complexidade desmedida e colossal. “Para representar uma estrutura organizacional utiliza-se o gráfico designado por organograma que é a representação abreviada da estrutura da organização” (Bilhim, 2013:116), e estes organogramas poderão configurar a forma simples ou complexa, e estes devem exibir “os órgãos da organização; tanto quanto possível, de forma genérica, as funções de cada órgão; as relações de interdependência entre órgãos; os níveis administrativos que compõem a organização; a via hierárquica.” (Bilhim, 2013:117).
Feita esta nota introdutória, que me parece de extrema relevância, importa agora atentar efectivamente nas estruturas da organização administrativa, e desde logo importa ter em conta que “A evolução das estruturas organizacionais apresentará como referência conceitual os estudos desenvolvidos por Cury (2005), que identificou três modelos de estruturas: o tradicional, o moderno e o contemporâneo…” (Costa et al., 2012:61), em que o primeiro é “O grupo de estruturas simples, envolvendo o modelo linear, o Staff/linha, a solução funcional, e a colegial, pode também, ser designado por estruturas funcionais” (Bilhim, 2013:124), e “caracteriza-se por ser de caráter autoritário, hierárquico, vertical, mecanicista, burocrático, típico do design do legado de Taylor e Fayol, principalmente.” (Cazorla et al., nd.:3), enquanto que o segundo modelo, nomeadamente o moderno na concepção de Morgan (1986) citado por Machado da Silva e Fonseca (2010) “são mantidas por sistemas de crenças que enfatizam a importância da racionalidade. Sua legitimidade aos olhos do público frequentemente depende de sua habilidade para demonstrar racionalidade e objetividade na ação” (Machado da Silva e Fonseca, 2010:14) e por último o modelo de estrutura organizacional contemporâneo, que segundo Cury (2000) citado por Cazorla et al. (n.d) “é erigida sob a influência de tempos mais turbulentos com a globalização, a estonteante taxa de crescimento da concorrência, para melhor agradar aos clientes, obrigando as empresas a firmarem parcerias com fornecedores, a motivarem os empregados, para poderem atingir, enfim, a excelência empresarial” (Cazorla et al., n.d.:3), e são nestes dois últimos modelos que nos iremos focalizar.
No que respeita às estruturas modernas da organização administrativa, e por força do disposto na lei n.º4 de 2004, “a organização interna dos serviços executivos e de controlo e fiscalização deve ser adequada às respectivas atribuições, obedecendo aos seguintes modelos: a) Estrutura hierarquizada: b) Estrutura matricial.” (Bilhim, 2013:126), contudo “As organizações, nos estádios mais evolutivos do seu processo de crescimento, e por imperativo da sua maior complexidade, dimensão e tipo de diferenciação, adotaram novas alternativas estruturais.” (Bilhim, 2013:126), nomeadamente, uma estrutura com base na função e uma estrutura divisional.
A estrutura com base na função tem como principais características o facto de ser unidimensional ancorada unicamente na função principal e na sua especialização, tem em vista um objectivo duradouro, o que pressupõe um ambiente estável, e em virtude de produzir em grandes quantidades e de forma repetida é considerada uma estrutura de longo prazo. De entre as suas vantagens é possível destacar a “centralização de recursos similares a cada função; solidificação da especialização em cada unidade organizacional; perspectiva de carreira para profissionais; uniformidade em normas e procedimentos; permite alta qualidade nos produtos, desde que o ambiente seja estável.” (Bilhim, 2013:127), contudo este tipo de estrutura contempla uma série de desvantagens, nomeadamente a inflexibilidade, o facto de não ser viável em ambientes instáveis, ainda por não beneficiar a cooperação entre departamentos, entre outras.
No que concerne à estrutura divisional, que “agrupa as actividades por unidade em que cada agrupamento tem suas particularidades. São elas: estrutura por território, estrutura por produto e estrutura por cliente” (Costa et al., 2012:64), ou seja “é aquela em que as actividades díspares, mas vinculadas a um objectivo final específico, são agrupadas numa unidade organizacional, geralmente denominada “divisão de…” ou “direcção…”” (Bilhim, 2013:127). De entre algumas vantagens destacam-se a flexibilidade e a maximização dos recursos humanos especializados, e de entre as desvantagens destaca-se os seus custos elevados, nomeadamente em infraestruturas e em recursos humanos.
Quanto às estruturas organizacionais contemporâneas, importa salientar que estas “surgiram na Era da Informação, para gerir e disseminar o conhecimento na organização, com o intuito de adaptar as empresas às mudanças exigidas na nova sociedade.” (Costa et al., 2012:67) e importa essencialmente atentar na estrutura com base em projecto ou temporárias, a estrutura matricial e o funcionamento em rede. A estrutura com base em projectos ou temporária tem características como “unidimensional, pois cada unidade da organização está voltada para o desenvolvimento de um único projecto, chefiada por um único gestor; a base da estrutura é o projecto, desenvolvido segundo especificações de clientes; objectivos e prazos bem definidos; prazo relativamente curto, sendo portanto uma estrutura temporária; a sua departamentalização interna é funcional…” (Bilhim, 2013:129). A estrutura matricial “foi criada com a finalidade de estabelecer um sistema adaptável de recursos e procedimentos para atingir objectivos de projecto” (Lodi, 1970:159-160), e esta estrutura é peculiar, no sentido em que “é uma solução mista em que se combina a estrutura com base em função com a estrutura divisional ou de projectos.” (Bilhim, 2013:130), e de entre as suas vantagens é possível destacar que “Ela permite um alto grau de especialização com o máximo de eficiência nas operações.” (Lodi, 1970:163). Quanto a desvantagens, este tipo de estrutura organizacional, peca pela sua subutilização de recursos ou ainda possíveis conflitos entre colaboradores, entre outras.
O modelo estrutural de funcionamento em rede, segundo Oliveira e Cândido (2006) citados por Costa et al. (2012) “surgiu a partir do reconhecimento da importância do ambiente, do contexto e de determinadas contingências que cercam as estruturas organizacionais, tendo como princípios fundamentais: a interacção, o relacionamento, a ajuda mútua, o compartilhamento, a integração e complementaridade.” (Costa et al., 2012:68), e segundo o disposto no art.º 9.º da Lei n.º 4 de 2004, este modelo “deve ser adoptado quando estejam em causa funções do Estado cuja completa e eficiente prossecução depensa de mais de um serviço ou organismo, independentemente do seu carácter intra ou interministerial.” (Bilhim, 2013:131).
Bibliografia:
BILHIM, João. (2013). Ciência da Administração, Lisboa: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas
CAZORLA, Ana; ABBADE, Eduardo; NORO, Greice. (n.d). O Quadro Evolutivo das Organizações do Setor de Construção Civil da Cidade de Santa Maria-RS. In SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. Centro Universitário Franciscano – UNIFRA. Disponível em URL: https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos07/1126_SEGET_-_Evolucao_das_Organizacoes.pdf
COSTA, Maria; SOUZA, Bruno; FELL, André. (2012). Um estudo da estrutura organizacional e as mudanças organizacionais: proposta de um novo modelo. In Navus – Revista de Gestão e Tecnologia. Florianópolis, SC, v.2, n.º 1, pp. 57-74. Disponível em URL: http://navus.sc.senac.br/index.php/navus/article/view/62/40
LODI, João B. (1970). A Estrutura Matricial e a Estrutura Sistêmica: Dois Novos Tipos de Organização. In Revista de Administração de Empresas. Rio de Janeiro. 10 (4), pp. 157-179. Disponível em URL: http://www.scielo.br/pdf/rae/v10n4/v10n4a08.pdf
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